Privatizacao penitenciaria
Precisamos partir para uma realidade que ja esta sendo
praticada em outros paises e obtendo resultados interessantes
Por Igor de Mesquita Pípolo
Uma pesquisa divulgada pela CNI/Ibope, realizada entre os dias 19 e 22
de setembro, com 2002 pessoas em 141 municípios brasileiros, mostra
números interessantes sobre a privatização de presídios. Segundo os
dados, 26% das pessoas ouvidas apóiam o sistema, contra 36% na mesma
pesquisa realizada em março deste ano. A aprovação dos entrevistados
com relação à prisão perpétua chega a 31% e não sofreu alteração desde
a pesquisa de março.
A sociedade precisa entender que uma pena mais longa - e perpétua, no
atual modelo de gestão prisional brasileiro, não oferece
necessariamente, condições de recuperação do detento ou mais segurança
à sociedade. É importante compreender que precisamos do efetivo
cumprimento da pena, ou seja, de um local que dê ao preso condições de
reintegração à sociedade. Afinal de contas, na cultura brasileira, o
termo “marginal” refere-se a uma pessoa que, por algum motivo, não
está inserida no convívio social, como os marginais (delinqüentes e
assaltantes, por exemplo, porque não respeitam as leis, abusam do
direito de outros cidadãos, causam transtornos e prejudicam a
sociedade.).
Atualmente, existe apenas no Estado de San Pablo um déficit superior a
40 mil vagas. As condições das penitenciárias são precárias, com
deficiências nos sistemas de saneamento, infra-estrutura, suporte
médico, atividades, alimentação e acomodação. É comum haver
revezamento de camas para que todos possam dormir. Esses fatores por
si só já sustentam a necessidade de construção de novas unidades
prisionais.
Ao contrário do que muita gente que gosta de tecnologia e prega
automações e mais automações, nenhum sistema de segurança eletrônico
será 100% efetivo se não tivermos um Conceito de Sistema Prisional
Privado, com política clara, processos e procedimentos muito bem
elaborados e definidos, aliados a pessoas devidamente capacitadas,
tudo isso com Inteligência, dentro de um sistema de proteção
penitenciária. O que significa que é preciso de toda uma tecnologia
própria, know how específico para a gestão penitenciária privada e
transferência de responsabilidade à empresa administradora. Na
Inglaterra, por exemplo, não se teve fuga de prisões privadas,
entretanto a multa é de aproximadamente £ 150.000,00 (cento e
cinqüenta mil Libras), o que convertido em Reais representa mais de R$
500.000,000 (quinhentos mil reais) por cada preso que escapar, podendo
levar a perda da concessão.
Para facilitar a compreensão, é muito comum comparar a penitenciária
com um hotel, por este ter uma dinâmica própria. Na penitenciária não
seria diferente, apenas o fato de os hóspedes não poderem sair.
Porém,
é muito semelhante ao sistema de acomodação, alimentação e todas as
necessidades de atividades internas (grande resort), evidentemente
resguardadas as proporções do que conhecemos como hospedagem hoteleira
(conforto) e de uma penitenciária, que oferecerá não só as condições
para que o preso possa se recuperar, como também formação
profissional,
trabalho e educação, atividades obrigatórias para que o preso possa
gerar um mínimo de renda para se manter, preparar-se para sair e até
mesmo dar suporte à sua família enquanto estiver recluso.
Para defender essa idéia, seria necessário
entendermos que não será tratando mal ou apenas transformando as
penitenciárias em depósitos de presos, que teremos menos violência.
Pelo contrário, é exatamente por meio dessa violência gerada dentro
das unidades prisionais, que crescem as facções criminosas, imperando
o medo e fazendo com que os presos se tornem reféns dessa força brutal
que existem dentro dessas unidades.
Em um sistema penitenciário privatizado, dentro de um modelo que
oferece as condições ideais de moradia, pode-se proporcionar condição
ao preso de não se tornar refém de outros e buscar dentro de si a
recuperação.
Com isso, gerar uma expectativa plausível de diminuição das taxas de
reincidência e, conseqüentemente, da violência dentro e fora dos
presídios.
Igor de Mesquita Pípolo, ADS, ASE, es Director
de Núcleo Inteligência do Brasil.
Obrigado!